Falar que vivemos tempos de transição é quase chover no molhado. Todos com quem converso têm a nítida sensação de que o mundo está mudando, e os sinais dessa mudança estão refletidas por todos os lados: na educação, na economia, na saúde, na cultura, na gestão das organizações, na sustentabilidade, no mercado de capitais, etc., etc., etc.
A imagem que me vem muito forte é a do trapézio, e nós, pessoas ou instituições, somos os trapezistas.
A transição de modelo passa por várias sutilezas…
Primeiro, quando o trapezista ainda está em sua base, na plataforma, olha para baixo e vê o tamanho da “encrenca” adiante dele. Muitas vezes, preferimos ficar na plataforma, na ânsia de ficar no seguro, “em terra firme”. Mas, queiramos ou não, por livre e espontânea vontade ou por forças do destino, uma hora ou outra seguramos firme na barra e nos lançamos para o “desconhecido”.
Após balançar algumas vezes logo se enxerga o outro lado… E dá uma vontade enorme de ir para lá. Claramente ficar onde está já não é mais suficiente. Aliás, em muitos casos, não é mais uma opção. E vem logo o pensamento: “o que me trouxe até aqui não será o que me levará para o próximo passo.”
Mas logo vem o medo… Reflexões tomam conta: Como? Que modelo é esse? Como eu garanto que chegarei do outro lado?
Vejo claramente, nos dias de hoje, muitas pessoas com essa clareza, com a consciência de que precisam mudar, porém, ao mesmo tempo quase paralisados pelo medo do desconhecido.
Para ir para o outro trapézio, é preciso dois movimentos muito simbólicos e fundamentais!
O primeiro deles é largar a barra atual… Largar o modelo atual, o conhecido… Um grande exercício de desapego, não?
Agora, além do desapego, largar o modelo atual para ficar alguns instantes (que parecem horas) no vazio, no total e absoluto desconhecido.
Nesse vazio, o que nos sustenta, e muito, é o acreditar… Acreditar na sua capacidade, acreditar no outro trapezista (na outra barra) e, finalmente, acreditar em algo maior.
Depois de tudo isso… de largar o modelo atual, de ficar no vazio, há ainda o segundo desafio: ao agarrar as mãos do trapezista da outra barra, em geral, é desconfortável… Nossas mãos “aterrissam” de maneira “torta” e precisam de um certo movimento para irem se ajustando ao longo do tempo. Em outras palavras, ao irmos para o próximo modelo, ele por natureza ainda é desconfortável, incompleto e precisa de ajustes…
Hoje, vejo pessoas e empresas com a clareza de que a mudança de modelo é inevitável. Alguns até já tentaram se lançar para o novo modelo, mas acabam não conseguindo desapegar do modelo atual.
Dão nomes diferentes, criam apresentações diferentes, colocam uma barra mais emborrachada, mas no fim não largam a barra atual. Apenas incrementam o modelo atual.
A sabedoria nessa hora é compreender que cada um tem o seu tempo. Cada um tem sua velocidade. O que podemos fazer é apenas provocar, estimular, apoiar, mas a decisão final do momento para largar o trapézio atual e se lançar ao novo é de cada um.
E você? Em que momento se sente nessa jornada?
Ubuntu. Eu sou porque você é. Você é porque nós somos!
Eduardo Seidenthal
Sou um ser humano em evolução e um EDUcador dedicado a inspirar pessoas na expressão de suas humanidades. Acredito no poder da educação para transformar o planeta e me inspiro na Ética Africana Ubuntu e o EUpreendedorismo. Atuo em três grandes frentes: “Educação para os Negócios”, “Educação para a Comunidade” e “Comunicação”.
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